No último domingo, no caderno de esportes do Estadão, o cineasta Ugo Giorgetti - Palmeirense assumido, no que parecia uma premonição do que se nos avizinhava, escreveu um artigo em que se dirigia à Rivaldo. Nele pede que ele nos devolva Felipão e fique com um técnico que ele prefere não nomear.
Então, vamos ao que escreveu Giorgetti:
O Estado de São Paulo – Esportes – 14/06/2009 (domingo)
Caro Rivaldo, aqui vai uma sugestão
Ugo Giorgetti
Caro Rivaldo: você sabe que sou seu admirador confesso.
Até já escrevi sobre você e, sempre que possível, o faço com a maior das satisfações. Tenho muita saudade do tempo em que você jogava por aqui e fique certo de que você deu grandes alegrias a inúmeros torcedores brasileiros.
Na seleção, a meu ver, você foi o principal jogador na conquista do título de 2002. Até hoje a seleção se ressente da sua falta e não encontrou um jogador à altura para, a sua maneira silenciosa e discreta, organizar o time.
Esta semana tive notícias suas pelo jornal, que me deixaram entre satisfeito e surpreendido.
Julgava que você ainda estivesse na Grécia - veja só como sou desinformado - e agora constato que está no Usbequistão.
Minha satisfação com a notícia consiste em saber que você exerce não só a liderança do time em campo, como também a função de consultor da diretoria do seu clube. A surpresa vem do fato de que, na condição de consultor, você foi o principal articulador da contratação do Felipão e consequentemente de seu deslocamento da Europa para a Ásia.
Você há de me permitir uma certa surpresa nesse episódio, pois creio que, apesar da globalização, apesar de estarmos todos próximos, os lugares ainda não se equivalem inteiramente, e alguém trocar Londres por Tashkent soa, para usar uma expressão execrável, inusitado.
Por isso, Rivaldo, por causa dessa minha deformação pessoal que me inclina sempre para o Ocidente, acredito que uma transferência dessas se deva muito mais aos seus dotes de negociador do que a qualquer outra vantagem. Quero cumprimentá-lo por isso. Você já foi treinado pelo Felipão e sabe, mais do que ninguém, das qualidades do homem.
Ocorre que talvez o Felipão não dure muito à frente do Bunyodkor, como, aliás, não durou o Zico, que aí só ficou alguns meses.
E, nesse caso, antevendo que num futuro próximo o mesmo problema surja e que na qualidade de conselheiro da diretoria você tenha de apontar outro nome, peço que você não faça nada, nem um movimento, sem antes me consultar. Tenho candidato, Rivaldo.
Candidato que você também conhece muito bem e que não posso aqui revelar o nome para não tumultuar o ambiente do clube em que trabalha. Não sou homem de fazer uma coisa dessas. Mas estou certo de que o Usbequistão é uma parte do mundo em que uma grande quantidade de torcedores gostaria de vê-lo neste momento.
De qualquer forma, você sabe como a torcida pode ser ingrata e mesmo injusta, por isso não se deixe influenciar por boatos.
Como você sabe, trata-se de homem de extrema fineza, elegante, educado, de vida transparente, que transmite total confiança e cria sempre um ambiente do maior respeito junto a torcedores e, principalmente, jogadores.
É, acima de tudo, um vencedor, treinador arguto, constantemente à frente de analistas e torcedores, com escalação e táticas que muitos insistem em classificar como incompreensíveis, evidentemente por ignorância e falta de conhecimento técnico.
Em suma, caro Rivaldo, um homem que não hesito em recomendar com todas as minhas forças.
Aumente, se possível, a dívida de gratidão que multidões de torcedores brasileiros têm com você!
Leve-o para o Usbequistão!
E pense numa última possibilidade, essa sim digna de um gênio dos mais altos negócios do mundo: leve ele e, em troca, nos devolva o Felipão.
Olá Ademir,
ResponderExcluirMuito criativo seu texto, além de ser uma ótima ideia, e o próprio Rivaldo bem que poderia vir junto. E eu tb até hj defendo que Rivaldo foi o principal jogador na copa de 2002.
Abraço!
Interessantíssimo texto do Ugo...
ResponderExcluirPoderia tanto ser verdade...
Chega logo 2011, ano que Felipão retornará para sua casa!