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13 de abr. de 2009

[OFF]Deixem-no em paz, seus abutres!

Com as devidas vênias e a permissão do Seu Cruz e do Besouro Verde. Eis o que o último postou lá no blogue do primeiro sobre o Adriano e a imprensa.

É lamentável como os jornalistas, os esportivos neste caso, tem o prazer em criar ídolos e depois o prazer redobrado, quase orgásmico, em destruí-los. O chamado ‘caso Adriano’ é o mais novo assunto gerador de debates, julgamentos morais e condenações intempestivas, dentre os jornalistas e programas esportivos tupiniquins.

Adriano não se reapresentou à Inter de Milão após o jogo pela seleção, pronto, o veredicto já foi dado: drogas, álcool, depressão, noitadas, ‘cachorras’…

Especialistas são chamados a opinar, todos corroborando com os problemas e com o veredicto já apresentados pela mídia. Deve se tratar, pois depressão leva ao alcoolismo, que leva às drogas etc. O rapaz é um poço de problemas.

E, Adriano falou. Falou com propriedade, falou com coragem, falou com dignidade. Disse não se sentir mais feliz com esse assédio todo, que quer viver sua vida, voltar às suas origens, ser mais um anônimo, ficar com os amigos. O problema é que desafortunadamente o menino Adriano nasceu no morro, e esse é sinônimo de delinqüência, de álcool, de drogas, de noitadas, de mulheres. As celebridades tem que sair do morro, mesmo que o morro não saia delas, mesmo que a vontade da vida simples, mesmo que a companhia dos amigos só seja possível com a freqüência neste espaço. Aí o preconceito fala mais alto. Adriano só está no morro porque quer bebida, ‘cachorras’, drogas, baladas; e onde encontrar tudo isso senão no bom e velho morro, segundo a visão míope de certa imprensa esportiva?

Novamente especialistas são chamados a opinar, mas agora não adianta, pois o veredicto já está dado. Adriano é alcoólatra, drogado, depressivo. Voltou ao morro para isso, como se ele precisasse ir ao morro caso quisesse comprar bebida, pó, favores sexuais. Pergunte à maioria dos jornalistas e eles saberão onde encontrar isso tudo sem precisar ir ao morro. No morro tem tudo isso, mas no asfalto também, nas redações idem. Tim Lopes sabia onde, todos os outros também sabem.

Para mim, e os hipócritas não querem saber de entender isso, Adriano foi corajoso, pois quem em sã consciência abre mão de um salário estratosférico para poder voltar às raízes? Adriano deu um basta nestes abutres para poder voltar ao anonimato, para poder viver sem o inferno que esses mesmos que o acusam o fazem passar sempre que resolve tomar uma cerveja, sair com uma mulher, curtir uma noitada, fumar um baseado.

O que ninguém entende é que quando se opta por ser um jogador de futebol de ponta um pode – e esse parece ser o caso de Adriano – não querer como a maioria ser tratado como celebridade. Ele pode querer apenas jogar futebol e viver sua vida.

E não me venham com essa história de que jogador de futebol é exemplo. Para as minhas filhas não são. Exemplo para elas é o meu comportamento, o da mãe, o dos avós. Jogador de futebol tem mais é que jogar futebol. Quando não quer mais é um direito que ele tem em fazê-lo (ou não fazê-lo).

E não me venham também com o discurso de que a vida pessoal de um jogador de futebol é pública. Pública é a vida de quem quer que ela seja pública. Quem quer o anonimato tem todo o direito de tê-lo; se não o consegue sendo jogador de futebol que o deixem tê-lo vivendo em sua comunidade.

Deixem-no em paz, seus abutres.

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