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4 de jul. de 2008

Mais do mesmo: Incoerência

Na última segunda-feira, assistindo o Linha de Passe, programa do canal ESPN-Brasil, quando os comentaristas estavam falando sobre o Palmeiras, o jornalista/colunista Juca Kfouri estranhou o fato de mesmo o time do Palmeiras estando bem, em ascensão – como costumam dizer, a torcida não estava comparecendo aos jogos. Que no Paulistão enchia-se o Palestra e no Brasileirão a torcida tem uma média de comparecimento muito baixa. Enfim, que a torcida parecia ter ‘abandonado’ (não foi esse o termo exato, mas o que pode ser inferir do comentário) o time.

No caso de Kfouri não estranhei. Por ser um jornalista ultrapassado, que não acompanha – nem de perto – as mudanças do mundo atual, o fato desse ‘abandono’ estar mais que explicado aqui e acolá (na Mídia Palestrina) não pôde ser percebido pelo ‘jornalista’, pois ele se gaba de não ler site de torcedores (para o azar dele, pois não está exercendo a profissão em sua plenitude. Uma das regras do jornalismo diz: ouvir todas as partes). Comeu mais uma barriga por isso.

Agora, me estranhou que o PVC, afeito que é a números, tenha apenas manifestado sua concordância com o fato e não tenha sacado de sua computador de mão e relatado os reais motivos desse abandono. Disse inclusive que a diretoria havia baixado o preço dos ingressos para que a torcida voltasse a freqüentar o Palestra. Não PVC, a diretoria não baixou o preço dos ingressos, aliás, majorou os mesmos.

Então, para ajudá-los, quem sabe alguém leia sites de torcedores, vamos aos fatos:

Primeiro ato: Na primeira partida do Brasileirão o Sr. Ebem Gualtieri, quinto vice-presidente do Palmeiras, em atitude nazi/fascista, majora o preço dos ingressos com o argumento que havia a necessidade de ‘qualificar’ o público que freqüentava o Palestra (qualquer semelhança com o post anterior não é mera coincidência. Aliás, como disse o velho e bom Marx, nos 18 Brumários, a história se repete primeiro como tragédia, depois como farsa). Então, os ingressos que no campeonato Paulista eram de R$ 20,00 passaram a R$ 40,00.

Segundo ato: A torcida através de sites de torcedores (Mídia Palestrina) propôs um boicote. Não deveríamos assistir ao jogo contra o Internacional, pois assim mostraríamos o nosso descontentamento. Cabe o registro que as organizadas também boicotaram. O resultado todos viram, público pífio.

Terceiro ato: A diretoria sentiu o golpe. Inclusive o ex-diretor de futebol Salvador Hugo Palaia desautorizou o Sr. Gualtieri naquilo que ele havia feito, e em um gesto ‘magnânimo’ ‘baixou’ o preço dos ingressos aos níveis que foram praticados no Paulista. Não voltaram aos R$ 20,00, mas votaram aos preços que foram praticados na final do Paulistão (R$ 30,00). A mídia palestrina continuou a sua campanha. Alguns ainda propondo a continuidade do boicote, outros denunciando esse absurdo.

Quarto ato: A diretoria parece que achando que o time se acertaria (como de fato está acontecendo) crê na volta da torcida ao estádio mesmo com esse preço irreal sendo cobrado. Pois bem, acreditamos, por aqui, que voltará mesmo, mas demorará um pouco mais que o esperado pelos gênios que dirigem o Palmeiras.

Para facilitar o entendimento dos descuidados jornalistas do Linha de Passe, abaixo publicarei uma pequena tabela com os preços médios de ingressos praticados pelos clubes que disputam a primeira divisão (a fonte é o site da CBF). É um cálculo simples: valor arrecadado em renda nos jogos como mandante, dividido pelo número de público médio presente nos mesmos jogos. Constatem: o Palmeiras pratica o MAIOR preço médio entre todos os clubes da primeira divisão do futebol nacional.

Está explicado: A TORCIDA NÃO ABANDONOU O TIME, FOI A DIRETORIA DO PALMEIRAS QUE ABANDONOU SUA TORCIDA.

Simples assim, sem muitas explicações sociológicas e sem teorias mais elaboradas. Basta uma olhadela mais atenta nos números da CBF ou mesmo uma passadinha nos sites de torcedores (aqueles que podem explicar os reais motivos de não estarem comparecendo ao estádio).

Aliás, tem um fato novo que pode baixar ainda mais o público no Palestra. Nos próximos jogos o Palmeiras jogará em sua casa somente no meio da semana, isso mesmo – algum gênio das tabelas – deixará que nosso time jogue fora aos finais de semana e somente atue perante sua torcida nas quartas e quintas-feiras, em horários do tipo 20:30 e 21:45 h, durante o inverno de São Paulo. Isso, com certeza também derrubará o público dos jogos. Mas, o preço dos ingressos, em um país onde o salário ainda é muito baixo, é o fator principal.

Eis a tabela:


Gran Finale: em breve, quem sabe, Juca Kfouri constatará a falta de negros, netos de italianos, putas e pobres nas arquibancadas do Palestra. Será, segundo sua observação, fruto da elitização de nosso futebol. Coisa que deixará o Palestra Itália, “...o bonito que é feio”. Pena que ele não lê site de torcedores para constatar que isso já está em curso, há muito, e seguindo receita de jornalistas que esquece aquilo que escreveu.

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