A ARQUIBANCADA NA REDE - WEB ARQUIBANCADA
"Em 40 anos de jornalismo, nunca vi liberdade de imprensa. Ela só é possível para os donos do jornal". (Cláudio Abramo, que dirigiu Folha e Estadão)

Busca

Pesquisa personalizada

12 de nov. de 2009

Do que são feitos os homens...

Eu sou contra

Tenho 43 anos de idade. Boa parte deles acompanhando futebol. Sou do tempo em que o futebol era decidido – pelo menos eu acreditava nisso – dentro das quatro linhas. Gol marcado e validado pelo árbitro era gol. Impedimento marcado e que anulava um gol era impedimento. Jogador expulso era suspenso, cartão amarelo era amarelo e vermelho era vermelho. Não havia o ‘malfadado’ tribunal e os vídeos-tapes para condenar, absolver ou mudar resultado de campeonatos.

Veio então a era dos tribunais. Agora é um tal de condenar por falta que o juiz não viu ou que viu e achou normal; tribunal refaz jogos já com resultados sacramentados diuturnamente.

Para mim isso tudo soa muito estranho. Volto a repetir o que disse aqui por diversas vezes: para mim o que acontece no campo de jogo, nos noventa minutos, seja vitória, empate ou derrota de meu time, é o que vale. Se o Simon anulou o gol do Palmeiras contra o Fluminense de forma equivocada – ou mesmo se ele estava na ‘gaveta’, como eu acredito – o resultado tem que ser mantido. Podemos espernear, xingar, processá-lo, até lhe dar uns ‘sopapos pedagógicos’, mas o resultado do campo de jogo é sagrado. Como no bicho: vale o que está escrito.

Por isso, digo – mesmo sob pena de alguns Palmeirenses me criticarem: sou contra anularem o jogo Palmeiras x Sport e marcarem um outro jogo.

Entretanto, há um fato objetivo a ser analisado. Existe a possibilidade da anulação da partida; basta para isso – segundo um dos ‘vagabundos’ do tribunal – que o Sport peça, pois houve um erro de direito, aquele que acontece quando o árbitro por infringir (ou desconhecer) uma das 17 regras do jogo traz prejuízo a uma das equipes. Foi o que supostamente ocorreu ontem. Segundo as informações, e especulações, o juiz da partida entre Palmeiras x Sport ‘apitou’ parando um lance, pois via impedimento na jogada. Quando a defesa parou e Danilo continuou marcando o gol o bandeirinha correu em direção ao centro do gramado o confirmando, pois o impedimento não havia acontecido. Então, o árbitro voltou atrás e confirmou o gol, prejudicando o time do Sport, que havia parado no lance ao ouvir o apito do ‘assoprador’.

Então, vamos entender – segundo a humilde opinião desse blogueiro – o porquê do ocorrido e o que pode acontecer.

Beluzzo e os vigaristas


Quando o presidente Beluzzo lançou sua ira contra o Simon chamando-o de vigarista, ladrão e ‘juiz de esquema’, o que poucos atentaram é que o presidente do Palmeiras estava fazendo mais do que ‘acusar’ um árbitro. Ele mostrou com sua atitude o ‘descontentamento pela maneira com que comporta a maioria nesse meio que teimamos em acompanhar e irracionaliza, talvez por uma paixão cega, surda e muda, e que não cansa de nos escancarar suas entranhas. O que o professor Beluzzo fez, mostrando inclusive como se comportam os ‘doutos’ julgadores do STJD, é que o meio é composto de gente com o rabo preso, gente corrupta, comprometida com esquemas de favores, com paixões clubísticas, com esquemas de corrupção. Por isso, se calaram. Por isso, ontem, o árbitro entrou pressionado no Palestra. O pobre diabo conseguiu – em um único lance – não beneficiar ninguém e prejudicar todo mundo; inclusive ele.

Creio eu que isso é um reflexo de como é o caráter da gente que dirige o futebol brasileiro, mas, principalmente, como as coisa funcionam por aqui. O pobre diabo deve ter recebido a orientação – não tenho como provar isso, mas desconfio que foi dessa maneira – de que o Palmeiras não deveria ser prejudicado de forma alguma na contenda no Palestra Itália, afinal o ‘serviço’ já havia sido feito no domingo, lá no Maracanã, e a repercussão não foi das melhores. Inclusive um renomado economista, por coincidência presidente do Palmeiras, Homem que não é do esquema, resolveu soltar o verbo e mostrar como as coisas funcionam. O(s) esquema(s) estaria(m), estava(m) e está(ão), ameaçado(s).

Além disso, um novo erro, com o clima que se criou, poderia causar uma catástrofe. Então, tome medo de errar; e todos sabemos que a pressão faz com que as decisões sejam tomadas no atropelo. Dessa forma, quando viu Danilo adiantado o pobre (Diabo) se precipitou e apitou o impedimento, mas ao olhar para o lado viu o assistente correndo para o meio campo e, incontinente – lembrando que não poderia prejudicar o Palmeiras, que o Palmeiras já havia sido ‘operado’ no domingo, que por isso a sua integridade poderia estaria ameaçada, que havia sido orientado para ‘abafar o caso’ do jogo da rodada anterior - voltou atrás e confirmou o gol. O restante da história todos sabemos como foi.

É ou não um bando de vigaristas essa gente? CBF, STJD, Comissão de arbitragem, times que se propõe a entrar em esquemas e frustram a paixão de milhares de pessoas que como eu – inclusive disserto sobre futebol na academia – acompanham o ‘esporte das multidões’.

Os sem caráter

Chegamos ao último elo dessa corrente. Se temos os vigarista, se temos o intelectual/presidente que resolveu peitar essa gente, há também aqueles que nada – nesse momento – teriam a ver com isso, mas que foram prejudicados. Por exemplo, o time do Sport.

Ouso a dizer que o Sport, seguindo o pensamento do ressentido Guilherme Beltrão (vice-presidente afastado), não pedirá a anulação do jogo. Se conformará em ser prejudicado (mais uma vez), alegará que com os ‘pobres coitados’ do nordeste sempre funciona assim e não buscará, mesmo que eu ache que isso não devesse funcionar dessa maneira, seus direitos (lembrem-se que há a possibilidade de um tribunal anular uma partida se o erro for de direito, mesmo eu achando isso um absurdo).

O Raphael, do Cruz de Savóia, escreveu em seu blogue que um amigo ouviu os ‘atletas’ do Sport entrando aos gritos de “são-paulo, são-paulo, são-paulo...” nos vestiários após o final do jogo de ontem. Não sei se por uma rivalidade que não existe, não existiu e nunca existirá, entre Sport e Palmeiras (o tamanho dos dois clubes não permite isso), não sei se por uma rivalidade criada pelo imbecil do Beltrão, pela raiva de momento ou por saber que a derrocada da equipe foi exatamente por terem sido eliminados pelo Palmeiras na Libertadores, mas, o que houve foi isso. Quem ouviu e relatou isso a ele fui eu. Eu estava no Palestra, depois do empate sai rapidamente e pude ouvir e presenciar isso.

Aí entra o caráter das pessoas. Se de um lado temos um presidente (Beluzzo) que por amor a sua equipe, por defender uma nação de 15 milhões de torcedores que depositaram esperanças em sua administração e que por acreditar na honestidade pôs em jogo sua reputação, seu cargo e sua história na berlinda (ele pode ser punido por falar a verdade); de outro lado, temos uma gente ressentida, que criou uma ilha da fantasia, que imaginou ser grande o suficiente para nos confrontar, mas que ao caírem na realidade viram que o castelo de cartas (ou de caras) desmoronou. Esses, tenho certeza, não buscarão o direito, não defenderão e não se esforçarão para defender sua torcida, pelo simples fato de que isso pode representar um alento para o Palmeiras, pois um novo jogo pode recolocar o ‘inimigo’ na briga pelo título.

Além disso, os gritos de são-paulo, são-paulo, são-paulo... ontem, nos vestiários do Sport, pode ser sinal que a tal mala-branca pode ter funcionado; ou – quem sabe - que aqueles pobres Diabos (torcedores do Sport) que discriminam seus conterrâneos nordestinos – com tratamentos pejorativos, chamando-os, por exemplo, de ‘Paraibas’ (como se isso fosse demérito) - para mostrar que o Pernambuco é a capital cultural e econômica do nordeste (mesmo que Salvador a seja), tenham que acordar. Pernambuco é lindo, São Paulo não os discriminam. Palmeiras, o gigante, torce para que um dia voltem, afinal, um final de semana em Boa Viagem, antes de um jogo, é impagável.

Não creio, aliás, duvido – repito, duvido – que o tribunal faça algo. A não ser que o recado – direto e não velado – do presidente Beluzzo tenha sido entendido, e que o medo tenha tomado conta dessa gente venal. Se for isso espero que o presidente continue em sua cruzada. Quero para as minhas filhas, e quiçá para meus netos e netas, um futebol e um mundo melhor.

No mais, espero que o resultado do jogo – como eu já disse – seja mantido. Além do mais, com esse ‘futebolzinho mixo’ que estamos jogando, a coisa pode piorar. Ou não é verdade?

Essa é a hora. Nesses momentos é que sabemos de que são feitos os Homens!

Aqui no Palmeiras temos Homens, Beluzzo que o diga. Nos demais...

Forza Palestra!

________________
Falta revisão

2 comentários:

  1. Belissimo texto!!!

    Porém eu não me incomodo de gritar "É CAMPEÃO"

    seja por tapetão, seja por competência nossa, seja por incompetência dos outros!

    Perder 2 campeonatos seguidos dessa maneira chega ser revoltante pra mim!

    grande abraço

    ResponderExcluir
  2. Ademir, Belo texto.
    Para você que escreve sobre futebol entre no site www.revistaoes.ufba.br
    Há uma edição especial sobre futebol, organizações e sociedade, co-editada por esse palestrino que vos escreve.

    Abraço....Sandro Cabral

    ResponderExcluir

Caro Palmeirense, aqui você pode fazer seu comentário. Como bom Palmeirense CORNETE!!!

Powered By Blogger
BlogBlogs